sexta-feira, 3 de junho de 2011

Brasil rural: matar e desmatar, a lógica dominante no país

3 de junho de 2011
Por Frei Betto
Do Correio Braziliense

Semana passada, quatro líderes rurais foram assassinados no Brasil. No Pará, mataram Herenilton Pereira dos Santos, 25 anos, e o casal de ambientalistas Maria do Espírito Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, do projeto agroextrativista Praialta-Piranheira. 

Os três viviam no mesmo assentamento rural, em Nova Ipixuna. José Cláudio teve uma orelha arrancada. Isso prova ter sido seu assassinato encomendado. É praxe o mandante exigir do pistoleiro a orelha da vítima como “recibo” do pagamento pelo “serviço” prestado.

Em Rondônia assassinaram Adelino Ramos, presidente do Movimento Camponeses Corumbiara. 

O governo federal tomou providências para prender os mandantes e pistoleiros e convocou uma reunião ministerial de emergência para analisar a relação dos crimes com a recente aprovação, pela Câmara dos Deputados, do novo Código Florestal. 

A ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, repassou às autoridades do Pará denúncias da Federação de Trabalhadores da Agricultura Familiar, que relatam 17 assassinatos ocorridos no estado nos últimos anos, sem que a polícia paraense tenha aberto inquérito. 

“O Pará é o lugar de maior atuação dos grupos de extermínio hoje no Brasil” — declarou a ministra dos Direitos Humanos. “Há uma impunidade muito forte. E isso é incompatível com a democracia, o estado de direito e os direitos humanos.”

As quatro vítimas lideravam lutas contra o desmatamento da Amazônia, causando a ira de madeireiros e latifundiários. O projeto Praialta-Piranheira é modelo de assentamento sustentável de reforma agrária, adotado pelo Incra na Amazônia. Seu objetivo é assegurar o sustento de famílias de pequenos agricultores sem devastar a floresta. 

Adelino Ramos, em Rondônia, liderava o projeto de assentamento agroflorestal. Os dois projetos, segundo o Ministério do Meio Ambiente, são obstáculos ao desmatamento (que transforma a floresta em pasto) e à extração ilegal de madeira na Amazônia.

O novo Código Florestal, tal como aprovado por deputados federais, deverá sofrer modificações no Senado e suas cláusulas mais nocivas serão, com certeza, vetadas pela presidente Dilma. 

Ao transferir para estados e municípios o controle do desmatamento e anistiar o agronegócio de pesadas multas aplicadas a crimes de degradação ambiental, o novo Código dá sinal verde à ocupação descontrolada de terras e agrava as tensões fundiárias.

Tal como aprovado na Câmara dos Deputados, o novo Código retira a referência à lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/98). No art. 130, que isenta propriedades de até quatro módulos fiscais da obrigatoriedade de manter a reserva legal nos limites da lei, permite o desmate direto de 69.245.404 hectares de florestas nativas (cf. “Potenciais impactos das alterações do Código Florestal Brasileiro na Meta Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa”, Observatório do Clima, 2010). 

Apenas nos estados do Norte do Brasil, esse dispositivo proporcionaria desmatamento de até 71 milhões de hectares de florestas nativas (cf. “Nota Técnica para a Câmara de Negociação do Código Florestal do Ministério Público Federal”).

Mais do que um Código Florestal, o Brasil necessita, urgentemente, de uma reforma agrária. É lamentável que esse tema esteja ausente da pauta do Congresso Nacional. Somos uma nação de dimensões continentais, com recursos naturais inestimáveis e inigualáveis e, no entanto, convivemos com a tragédia de cerca de 4 milhões de famílias expulsas de suas terras. Um por cento dos proprietários rurais é dono de 50% do território brasileiro! 

A Comissão Pastoral da Terra, que acompanha os conflitos fundiários desde 1985, registra que, daquele ano até 2010, 1.580 pessoas foram assassinadas no campo. Dos assassinos, apenas 94 foram julgados e condenados: 21 mandantes e 73 executores (pistoleiros). E, dos mandantes, somente um se encontra preso, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, responsável pela morte da irmã Dorothy Stang, baleada no Pará em 2005.

Atualmente, a lista de ameaçados inclui 1.855 pessoas. Personagens de uma crônica das mortes anunciadas? Sim, se o governo não der um basta à nefasta estratégia amazônica de matar para desmatar.

Outras mortes por assassinato ocorrerão se a presidente Dilma não tomar providências enérgicas para qualificar os assentamentos rurais, impedir o desmatamento e puni-lo com rigor, cobrar as multas aplicadas, federalizar os crimes contra os direitos humanos e, sobretudo, vetar o Código Florestal aprovado pelos deputados federais e promover a reforma agrária.

Fonte: Site do MST

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Strauss-Kahn:metáfora das práticas do FMI


O leitor ou leitora pensará que foi uma tragédia o fato de o Diretor-gerente do FMI, Strauss-Kahn, ter dado asas ao seu vício, a obsessiva busca por sexo perverso, nu, correndo atrás de uma camareira negra na suite 2806 do hotel Sofitel em Nova York, até agarrá-la e forçá-la a praticar sexo, com detalhes que a Promotoria de Nova York, descreve em detalhes e que, por decência, me dispenso de dizer. Para ele não era uma tragédia. Era uma vítima a mais, entre outras, que fez pelo mundo afora. Vestiu-se e foi direto para o aeroporto. O cômico foi que, imbecil, esqueceu o celular na suite e assim pôde ser preso pela polícia ainda dentro do avião.
A tragédia ocorreu não com ele, mas com a vítima que ninguém se interessa em saber. Seu nome é Nifissatou Diallo, da Guiné, africana, muçulmana, viúva e mãe de uma filha de 15 anos. A polícia encontrou-a escondida atrás de um armário, chorando e vomitando, traumatizada pela violência sofrida pelo hóspede da suite, cujo nome sequer conhecia. A maior parte da imprensa francesa, com cinismo e indisfarçável machismo, procurou esconder o fato, alegando até uma possível armadilha contra o futuro candidato socialista à Presidência da República. O ex-ministro da cultura e educação, Jacques Lang, de quem se poderia esperar algum esprit de finesse, com desprezo, afirmou:”Afinal não morreu ninguém”. Que deixe uma mulher psicologicamente destruida pela brutalidade do Mr. Strauss-Kahn não conta muito. Finalmente, para essa gente, se trata apenas de uma mulher e africana. Mulher conta alguma coisa para este tipo de mentalidade atrasada, senão para ser mero “objeto de cama e mesa”?
Para sermos justos, temos que ver este fato a partir do olhar da vítima. Ai dimensionamos seu sofrimento e a humilhação de tantas mulheres no mundo que são sequestradas, violadas e vendidas como escravas do sexo. Só uma sociedade que perdeu todo o sentido de dignidade e se brutalizou pela predominância de uma concepção materialista de vida que faz tudo ser objeto e mercadoria, pode possibilitar tal prática. Hoje, tudo virou mercadoria e ocasião de ganho desde o bens comuns da humanidade, privatizados (commons como água, solos, sementes), até órgãos humanos, crianças e mulheres prostituidas. Se Marx visse esta situação ficaria seguramente escandalizado, pois para ele o capital vive da exploração da força de trabalho mas não da venda de vidas. No entanto, já em 1847 na Miséria da Filosofia intuía:”Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalieável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia alienar-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram comunicadas, mas jamais trocadas, dadas, mas jamais vendidas: adquiridas mas jamais compradas como a virtude, o amor, a opinião, a ciência e a consciência, em que tudo passou para o comércio. Reina o tempo da corrupção geral e da venalidade universal….em que tudo é levado ao mercado”.
Strauss-Kahn é uma metáfora do atual sistema neoliberal. Suga o sangue dos paises em crise como a Islândia, a Irlanda, a Grécia, Portugal e agora a Espanha como fizera antes com o Brasil e os paises da América Latina e da Asia. Para salvar os bancos e obrigar a saldar as dívidas, arrasam a sociedade, desempregam, privatizam bens públicos, diminuem salários, aumentam os anos para as aposentadorias, fazem trabalhar mais horas. Só por causa do capital. O articulador destas políticas mundiais, entre outros, é o FMI, do qual Strauss-Kahn era a figura central.
O que ele fez com Nafissatou Diallo é uma metáfora daquilo que estava fazendo com os paises em dificuldades financeiras. Mereceria cadeia não só pela violência sexual contra a camareira mas muito mais pelo estupro econômico ao povo, que ele articulava a partir do FMI. Estamos desolados.
Fonte: Blog do Leonardo Boff 

domingo, 20 de março de 2011

Uma visita marcada por mais uma guerra


O senador Suplicy me ligou dizendo que não estava de acordo com uma mensagem que publiquei no twitter convocadando os cariocas a um domingo de praia ao invés de ir ao comício que o Obama deveria fazer na Cinelândia. Ele dizia que o Obama era o continuador dos sonhos do Martin Luther King. E se, de repente, depois de conversar com a Dilma, ele anunciasse a fim do bloqueio a Cuba no comício?

O Suplicy me perdoará se não for absolutamente textual – se ele quiser precisar seus argumentos, pode escrever que a Carta Maior publicará integralmente seu artigo. Mas estou seguro que esses eram os dois argumentos que ele me expos e eu, democraticamente, contra argumentei.

Disse que é verdade que Obama representou – ou, para alguns, anda representa – um polo progressista dentro dos EUA, contra a direita e a ultradireita. Mas mesmo lá dentro, apesar dos seus discursos contra os bancos, como causadores da crise, ele salvou os bancos, acreditando que eles salvariam os EUA, mas os bancos se salvaram a si mesmos e deixaram o país na recessão, com a elevada taxa de desemprego que ainda tem.

Mas, principalmente fora dos EUA – elemento inseparável para uma potência imperial -, sua politica continua exatamente a mesma do Bush, ele não cumpriu nenhuma das promessas que fez: nem terminou com o bloqueio a Cuba, nem saiu do Iraque, e agora promove uma nova guerra, contra a Líbia.

Uma vez realizada a visita, creio que a posição que defendi se justifica ainda mais. A marca da visita não está dada por nenhum pronunciamento ou acordo assinado aqui, mas pelo cenário do bombardeio da Líbia, com a sempre falsa justificativa de que fazem para defender os civis do país. Mesmo no plano do discurso, dos acordos e do seu itinerário, a visita foi decepcionante. Nos discursos, ele fez o mínimo possível de concessões: depois de ter apoiado expressamente a Índia para ingressar no Conselho de Segurança da ONU, fez apenas uma menção simpática ao Brasil – “apreço” -, longe do compromisso com o pais asiático. Os EUA não cumpriram com sua parte nos novos acordos comerciais e Obama tenta justificar a postura com a crise econômica, que dificultaria abrir o mercado dos EUA. Não havia nenhum sintoma de que anunciaria o fim do bloqueio a Cuba ou qualquer outra medida progressista, como seus pronunciamentos confirmaram.

Obama não trouxe o Ministro de Energia, como estava planejado, diminuindo as possibilidades de acordos nessa área. Rejeitou o convite para um jantar reservado com Dilma em Brasília, onde ficou apenas algumas horas, partindo rapidamente para o Rio. Aqui, fez programas familiares no jantar, na visita ao Corcovado e a Cidade de Deus. A suspensão do comício na Candelária – que tranquilizou o governo, que não via com bons olhos a operação – levou a um discurso no Teatro Municipal, onde houve mais seguranças, policiais e escoltas do que público.

Sua passagem – cujo aspecto mais importante foi o de que, pela primeira vez, um presidente empossado no Brasil é visitado por um presidente norteamericano, ao invés de ir visitá-lo – deixa uma imagem frágil, de pouca transcendência, de mais um presidente dos EUA que não somente não deixa um cenário de guerra – o Iraque – como prometido, como leva seu país, no momento da sua viagem, a mais uma.

Fonte: Blog do Emir  


sexta-feira, 18 de março de 2011

Organizações sociais exigem o fim das usinas nucleares


Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
O terremoto de 9 graus na escala Richter, que atingiu o Japão no último dia 11, seguido por tsunami, trouxe sérios danos para o país e conseqüências para o planeta. Isso porque, além dos mais de 5 mil mortos já confirmados e das quase 9 mil pessoas que estão desaparecidas, as catástrofes ambientais danificaram também a usina nuclear de Fukushima, que já registrou explosões em parte de seus reatores.
A explosão em reatores da usina nuclear libera material radioativo para a atmosfera contaminando meio ambiente e população. Os níveis elevados de radiação causam danos à saúde. Diante da gravidade da situação, 30 organizações sociais de países como México, Argentina, Peru, Guatemala, Chile, Canadá e Espanha, entre outros, se manifestaram nesta semana contra o uso deste tipo energia.
Em carta aberta, os ativistas pedem que as usinas nucleares sejam desfeitas e que se busquem 'verdadeiras soluções para os povos'. "Chernobyl e Fukushima são alertas que devem obrigar aos governos a que deixem de insistir em seguir promovendo estes projetos. A energia nuclear para provisionamento de energia e mais ainda com fins bélicos, deve parar", enfatizam.
As organizações sociais alertam sobre o perigo que as instalações nucleares trazem para a vida e a segurança do planeta. "Hoje o mundo está mudando, não apenas pelos riscos de desastres naturais como também pelos riscos aos quais estamos submetidos por impactos da mudança climática, que produziu grandes inundações, deslizamentos e alterações severas na habitabilidade do planeta", relatam.
As organizações comentam que as crises ambientais e a necessidade de energia fizeram com que as grandes corporações e os países desenvolvidos, defendessem a energia nuclear como uma fonte alternativa, limpa e sustentável. No entanto, os ativistas ressaltam que "cada vez fica mais claro que estas são soluções falsas que apenas aumentam o perigo e a vulnerabilidade da humanidade frente às mudanças globais".
"A energia nuclear está se propondo como uma fonte de energia alternativa e limpa nas negociações de mudança climática, mas está demonstrado que pode ficar fora do controle tanto técnico como humano, e afetar a milhões de pessoas e em particular para as próximas gerações pelo seu potencial efeito nocivo na vida", contrapõem os ativistas.
Por isso, as organizações sociais "exigem que os governos se concentrem em assegurar a sobrevivência, o direito à habitabilidade, o direito à saúde e à soberania alimentar de milhões de pessoas no mundo, em lugar de debilitar as condições no planeta seguindo o que manda o capitalismo."
Por causa da catástrofe ambiental, o governo japonês se viu obrigado a desligar 11 centrais nucleares, para evitar que mais desastres ocorram. Mais de 6 milhões de pessoas estão sem energia elétrica no Japão. Além da preocupação com a Central Nuclear de Fukushima, também estão em perigo outras duas plantas nucleares em Onagawa e Tokai.
Devido ao risco de novas explosões, cerca de 200 mil pessoas já foram evacuadas de locais próximos à usina, a fim de evitar a exposição aos efeitos nocivos de um acidente nuclear.
Fonte: Adital

quinta-feira, 17 de março de 2011

APAP: Professores e estudantes fundam associação na Paraíba

Associados Fundadores
Professores e estudantes de mais de 20 municípios paraibanos fundaram, em Guarabira, a Associação Paraibana de Professores, simplesmente denominada de APAP. A Associação, com caráter educativo, cultural, técnico e científico, atuará em todo o estado da Paraíba, através de Sessões municipais.

A Assembleia de fundação aconteceu no último 12 de março, na sede do Sindicato dos Trabalhores Ruraus de Guarabira, estado da Paraíba, com presença de professores e estudantes representantes de vários municípios. No encontro, os presentes enfatizaram o processo histórico de discussão das inúmeras propostas de estatuto, e aprovaram a criação da entidade, elegendo os membros dos Conselhos Gestor e Fiscal para o mandato administrativo.
Na abertura do evento, o professor e idealizador da APAP, Assis Souza de Moura, destacou os trabalhos e as articuações dos últimos cinco anos para a construção da Associação e falou a respeito dos desafios de se criar uma associação com abrangência estadual, sobretudo reunindo professores e estudantes em defesa da educação pública de qualidade para todas as pessoas. "Estamos em um momento histórico e de profundas mudanças no cenário educacional, sobretudo com as novas políticas educacionais. Temos, por obrigação profissional, a responsabilidade de acompanhar os novos rumos que a Educação vem trilhando e a melhor forma de implementar este processo é em associação. Juntos poderemos lutar, de forma firme e com consistência, para defender a educação pública em todos os níveis, etapas e modalidades", enfatizou o professor.
Aprovado o estatuto, os professores e estudantes presentes elegeram os associados fundadores para os cargos dos Conselhos Gestor e Fiscal, sendo eleito o professor Assis Souza de Moura para a presidência da entidade, ao lado do professor Jose Damasio, como presidente adjunto. No discurso de posse, o presidente eleito da APAP, professor Assis Souza de Moura, anunciou que a prioridade da instituição é a luta pela valorização dos profissionais da educação. "Atuaremos em todos os municípios paraibanos, a partir das Sessões Municipais da APAP, e cobraremos a atualização e legalidade dos Planos de Cargos, Carreira e Remuneração do magistério público da educação básica, a elaboração dos Planos Municipais de Educação, o funcionamento dos conselhos municipais de educação e, evidentemente, intensificaremos a luta pelo pagameto do piso dos professores. Para tanto, visitaremos os municípios, realizando seminários e mobilizações para a formação política dos professores e dos estudantes", finalizou o professor.

Confira a relação dos eleitos.

Conselho Gestor

. Assis Souza de Moura, presidente;
. Jose Damasio Ferreira Alves Junior, presidente adjunto;
. Glaucenilda da Silva Grangeiro, secretária executiva;
. Valnir de Meneses Campos, secretário de finanças;
. Herline de Pontes Simões, secretária de desenvolvimento institucional.

Conselho Fiscal

. Azenaite Maria Miranda;
. Jefferson Silva de Barros Santos;
. Sérgio Gomes da Silva;
. Francisco das Chagas Galvão de Lima;
. Joel Martins Cavalcante.

Assis Souza de MOURA
Doutorando e mestre em educação (UFPB)
Professor, editor e designer editorial em educomunicação.
Presidente da Associação Paraibana de Professores (APAP)

Fonte: Blog do professor Damasio 

Movimentos sociais rechaçam visita de presidente estadunidense


Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
Ao que tudo indica, a visita de Barack Obama, mandatário estadunidense, ao Brasil será marcada por manifestações e protestos populares. Organizações e movimentos sociais contrários à vinda de Obama realizam, hoje (16), uma Plenária Unificada para discutir os detalhes das ações. O presidente dos Estados Unidos chega a Brasília no sábado (19), quando terá uma reunião com a presidenta brasileira Dilma Rousseff. No domingo (20), Obama discursará em um evento aberto ao público na Cinelândia, centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Em convocação à Plenária de hoje, diversos movimentos sociais rechaçaram a vinda de Barack Obama ao Brasil e apontaram o mandatário estadunidense como "persona non grata”. Isso porque, segundo eles, Obama segue com a política de ocupação militar.
"Dizemos que Obama é persona non grata no Brasil porque, como latino-americanos, sabemos que a política dos Estados Unidos para a América Latina não mudou em nada. Não aceitamos a manutenção do bloqueio a Cuba, as provocações contra a Venezuela, a Nicarágua, a Bolívia e o Equador”, explicaram no comunicado.
De acordo com Emanuel Cancella, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo no Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), a reunião de hoje será para deliberar quais manifestações acontecerão no marco da vinda de Obama ao Brasil. Segundo ele, a expectativa é que aconteçam ações nas ruas do Centro da cidade do Rio de Janeiro.
Cancella afirma que se decepcionou até com o local escolhido para a realização do discurso de Obama: a Cinelândia. "A gente se sentiu bastante ofendido com a postura de ceder a Cinelândia para o discurso do Obama, local que foi palco da luta pela democracia, foi a saída da passeata dos Cem Mil, protesto contra a ditadura militar e [contra] a morte do estudante Edson Luís”, lembra.
O dirigente sindical destaca que os movimentos sociais são contra o governo estadunidense por suas ações políticas, como as de manter a prisão de Guantánamo, em Cuba; de seguir com a instalação de bases militares nos países latino-americanos; e de interferir nas manifestações de países árabes e africanos.
Cancella apresenta ainda que a vinda do presidente estadunidense ao Brasil será para discutir questões relacionadas ao pré-sal. "A prioridade de Obama no Brasil é confiscar o pré-sal”, denuncia.
Barack Obama realiza, entre os dias 19 e 23 de março, uma vista por países latino-americanos. Além do Brasil, o mandatário estadunidense passará por Chile e El Salvador, onde discutirá com autoridades desses países questões como segurança, energia e economia.
Abaixo-assinado
A questão cubana também é lembrada pela população brasileira. A Rede das Redes em Defesa da Humanidade – Capítulo Brasileiro está com uma petição online em que pede a Barack Obama o fim do embargo a Cuba e a libertação dos "Cinco Cubanos”, presos nos Estados Unidos desde 1998 por tentar alertar Cuba sobre atos terroristas planejados em Miami.
"Apesar da campanha difamatória e da propaganda violenta Cuba resiste a todas as agressões e intempéries com dignidade. Desnecessário citar a V. Exa todos os desmandos contra Cuba, sob as mais mentirosas alegações. Assim foi a Baia de Porcos, assim foi a promessa de desativar Guantánamo, assim é a prisão dos Cinco Cubanos em prisões Estadunidense com julgamentos sem nenhum critério ético e justiça, assim foi assinado há mais de 50 anos um embargo econômico, cruel e desumano”, comenta.
O abaixo-assinado ao mandatário estadunidense pode ser lido e assinado em:
Fonte: Adital

quarta-feira, 16 de março de 2011

Origem antropológica da religião


Eduardo Hoonaert
Padre casado, belga, com mais de 5O anos de Brasil, historiador e teólogo, mais de 20 livros publicados. Mora em Salvador. Dedica-se agora ao estudo das origens do cristianismo
Adital
Os antropólogos ensinam que, desde sua aparição no planeta terra, os humanos demonstram capacidade em sentir a presença de algo que não aparece, mas -de uma ou outra forma- se ‘revela’. Um tremular do capim na trilha do caminhante revela a possível presença de uma cobra, o que constitui para nós uma preciosa ajuda na vida e é uma das razões do sucesso do homem na caminhada da evolução. Nossa capacidade em sentir o estranho e misterioso abre caminhos novos, não só no sentido de nos prevenir diante do perigo (a mordida da cobra), mas igualmente de dar sentido ao emaranhado confuso de eventos que defrontamos na vida. A partir da capacidade em costurar eventos ‘revelados’ num enredo coeso, construímos um sentido para nossas vidas. Em outras palavras, o organismo humano está munido de instrumentos de atenção diante do que se lhe revela e tem condições de inserir essa experiência dentro de um enredo coeso. Eis a origem da religião, segundo os antropólogos.
A bíblia hebraica está repleta de narrativas que relatam essa capacidade humana de pressentir algo e dar um sentido mais profundo a dados aparentemente corriqueiros. Noé contempla um arco estendido nas nuvens (Gn 9, 13) e vê nele um sinal de Ihwh; no calor do meio-dia, três visitantes estranhos se aproximam da tenda de Abrão em Mamré e ele pressente que eles trazem uma mensagem importante (Gn 18, 1-15); Moisés suspeita a presença de Ihwh num arbusto em chamas; mais tarde, ele pressente a presença de Ihwh por trás das nuvens que cobrem o topo do Sinai; sentado na entrada de seu abrigo, Elias sente a presença de Ihwh numa brisa leve; observando uma arribada de pequenos pássaros no árido deserto, os israelitas exultam: ‘Ihwh está nos enviando o maná do céu’; observando uma poeirada que se levanta no deserto, eles sentem de novo uma mensagem de Ihwh; no tremular do horizonte, os viajantes pelo deserto enxergam o paraíso; de repente, o burro do profeta Balaam recusa-se a continuar pelo caminho e o profeta resolve não prosseguir a viagem; em meio a um banquete no palácio, Nabucodonosor vê os dedos de uma mão misteriosa se mover sobre o gesso da parede (Dn 5, 5); ao fugir de Jerusalém depois da derrota de Jesus, os discípulos de Emaús estranham a presença de um homem que inesperadamente aparece no caminho (Lc 24, 13-35); às portas de Damasco, Paulo de repente não consegue mais avançar (At 9, 1-22). Hoje não é diferente: alguém está tomando uma cerveja num boteco e se assusta ao ver, de repente, pintado na parede, o olho penetrante de Deus; o doente olha assustado o anjo cruel que segura a balança dos eleitos e condenados numa pintura do juízo final que as irmãs enfermeiras mandaram colocar na parede do hospital. E muitos outros casos que diariamente podemos averiguar, se prestarmos atenção para tanto.
Nós, humanos, somos religiosos por natureza. Nossa natureza religiosa manifesta-se das mais diversas maneiras, mas de qualquer modo temos a capacidade de sentir algo além do que nossos cinco sentidos nos informam, por mais que esse sentimento permaneça misterioso, impreciso e frequentemente enigmático.

Fonte: Adital 

segunda-feira, 14 de março de 2011

MEC divulga última chamada dos aprovados no ProUni


Brasília – O Ministério da Educação (MEC) divulgou neste domingo (13) na internet a lista dos pré-selecionados em segunda chamada para receber uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). Esta é a segunda etapa de inscrições para distribuição das 123 mil bolsas oferecidas para o primeiro semestre de 2011.
Os aprovados devem comparecer até 17 de março nas instituições de ensino para onde foram selecionados, a fim de comprovar as informações prestadas no processo de inscrição. A lista dos documentos que devem ser apresentados também está disponível na página do ProUni na internet. Para receber uma bolsa do ProUni, é preciso ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou estabelecimento privado com bolsa integral. É necessário ainda ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010, atingindo o mínimo de 400 pontos na média das cinco provas, e não ter nota zero em redação.
As bolsas integrais são destinadas aos alunos com renda familiar mensal per capita de até 1,5 salário mínimo. As bolsas parciais, que custeiam 50% da mensalidade, são para os candidatos cuja renda familiar mensal per capita não passe de três salários mínimos. O MEC não informa quantas vagas já foram preenchidas na primeira etapa de inscrições.
Os candidatos que não conseguiram bolsa nas duas etapas de inscrição participarão de uma lista de espera que será utilizada pelas instituições para preencher as vagas ociosas. Ela será formada por ordem de classificação em cada curso e turno e estará disponível pela consulta pelos estabelecimentos de ensino a partir do dia 21. Caberá às instituições convocar os classificados para comprovação dos documentos.
Fonte: Rede Brasil Atual

Paraíba aumenta números de casos de Dengue

A Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba registrou este ano 2.152 casos de dengue, o que representa um aumento de 2,3% em relação à semana anterior. Os dados são referentes à 9ª Semana Epidemiológica que terminou no dia 5 deste mês.

Dos casos notificados, 285 foram confirmados como Dengue Clássica, cinco representam casos de Dengue com Complicações, quatro casos de Febre Hemorrágica, 102 foram descartados, 19 se mantiveram inconclusivos e 1.726 estão em processo de investigação. 

Esse resultado representa um aumento de 2,3% se comparado com a semana anterior quando foram registrados 2.102 da doença.

Para tentar diminuir os números da dengue na Paraíba, a Gerência Executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde deverá pactuar com a Defesa Civil do Estado ações de parceria para o controle da doença. 

Fonte: Portal Vermelho

domingo, 13 de março de 2011

Uma análise sobra a Campanha da Fraternidade 2011


Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP) e Presidente da Cáritas Brasileira
Adital

Neste ano a Campanha da Fraternidade coloca o planeta terra no centro de nossas atenções. Mesmo que a formulação do tema coloque a vida como primeira referência, na verdade o foco se dirige para o planeta, visto como fator indispensável para a vida, e olhado com apreensão, em decorrência da profunda dependência da vida em relação ao planeta terra.
Todos nos damos logo conta de quanto foi oportuna a decisão da Igreja em colocar este assunto como tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2011 – "A Vida no Planeta” - acompanhado de um lema tirado da Bíblia: "A criação geme em dores de parto!”.
Está posto o assunto, e lançado o alerta: o momento exige atenção e cuidado, para que se superem as apreensões, e se confirmem as esperanças de que o planeta terra continue cumprindo sua crucial função de garantir que a vida tenha condições de prosseguir, com sua dinâmica positiva.
O tema VIDA já tinha sido colocado em outras Campanhas. Pouco tempo atrás, as reflexões se centraram em torno da vida humana, ressaltando sua sacralidade, sua preciosidade, sua transcendência, e sua referência ética indispensável.
A Campanha deste ano, sem desmerecer estas referências próprias da vida humana, faz a singela mas decisiva constatação, de que não só a vida humana, mas todo o sistema vital que conhecemos, depende das condições que o planeta terra proporciona.
É bom viver, mas é importante descobrir e ressaltar os fatores que nos permitem viver! Podemos, então, nos dar conta da importância do planeta, como matriz dos sistemas vitais, profundamente interdependentes na sua complexidade, e fundamentais para tornar possível a vida humana, que será sempre nosso indispensável ponto de referência ao considerarmos a função vital do planeta.
Nossa vida participa das condições do planeta. Ela depende deste planeta. A terra é a nave espacial, onde todos os seres vivos embarcaram, com uma complexidade bem maior do que a imaginada pela arca de Noé.
Nossa vida depende da vida no planeta. Dito de maneira mais contundente, como alguns preferem, nossa vida depende da vida do planeta. Pois dada a íntima correlação entre os seres vivos e o planeta terra, o próprio planeta pode ser visto como um grande organismo vivo, que abriga e suscita todas as formas de vida nele existentes.
É salutar a consciência desta dependência em relação ao planeta. Assim somos levados a nos preocupar com suas funções vitais, e verificar em que condições elas se encontram.
Neste sentido, a Campanha deste ano apresenta dois sintomas preocupantes, através dos quais nos interrogamos sobre a situação vital do planeta. Trata-se do aquecimento global, e das mudanças climáticas.
É compreensível que o assunto seja abordado a partir de sintomas. Pois a vida é tão complexa, que não é fácil abordá-la diretamente. Como fazem os médicos com nosso organismo humano, ficam atentos aos possíveis sintomas apresentados, para discernir o estado de saúde em que o paciente se encontra. Assim somos chamados a fazer com este paciente todo especial, o planeta terra.
O primeiro sintoma é mais mensurável, e fácil de comprovar. A temperatura média do planeta está aumentando. Impressiona constatar a estabilidade das condições vitais oferecidas pelo planeta. Os cientistas se admiram, por exemplo, da dose adequada de oxigênio na atmosfera, na medida justa para possibilitar a vida. Assim a temperatura média vinha se mantendo estável ao longo de milênios. Mas a partir da revolução industrial, é inegável que começou a aumentar. Esta constatação, junto com o outro sintoma das mudanças climáticas, menos mensuráveis mas intuídas espontaneamente, levantam diversas interrogações, sobre suas causas e suas consequências.
A Campanha nos estimula a clarear estas interrogações, para situar melhor nossas responsabilidades.

Fonte: Adital 

Fidel Castro: Os dois terremotos

Em sua mais recente Reflexão, o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, demonstra sentimentos de solidariedade ao povo japonês pelo terremoto da última sexta-feira. Ele também volta a analisar a crise na Líbia, condena a intervenção militar estrangeira e defende uma solução política.


Um forte terremoto de magnitude 8,9 estremeceu hoje o Japão. O mais preocupante é que as primeiras notícias falavam de milhares de mortos e desaparecidos, cifras realmente inusitadas em um país desenvolvido onde tudo se constrói à prova de terremotos. Inclusive, falava-se de um reator nuclear fora de controle. Horas depois se informou que as quatro usinas nucleares próximas à região mais afetada estavam sob controle. Informava-se igualmente sobre um tsunami de 10 metros de altura, que provocou alerta de maremoto em todo o Pacífico.

O sismo se originou a 24,4 quilômetros de profundidade e a 100 quilômetros da costa. Se tivesse sido produzido a menos profundidade e distância, as consequências teriam sido mais graves.

Houve deslocamento do eixo do planeta. Foi o terceiro fenômeno de grande intensidade em menos de dois anos: Haiti, Chile e Japão. Não se pode culpar o homem por tais tragédias. Cada país, seguramente, fará o que esteja a seu alcance para ajudar esse laborioso povo que foi o primeiro a sofrer um desnecessário e desumano ataque nuclear.

Segundo o Colegiado Oficial de Geólogos da Espanha, a energia liberada pelo abalo sísmico equivale a 200 milhões de toneladas de dinamite.

Uma informação de última hora, transmitida pela AFP, expressa que a companhia elétrica japonesa Tokyo Electric Power comunicou : “De acordo com as instruções governamentais, liberamos parte do vapor que contém substâncias radiativas…” “Acompanhamos a situação. Até o momento não há problema…” “Também se assinalavam desarranjos relacionados com o resfriamiento em três reatores de uma segunda central próxima, Fukushima 2". “O governo ordenou a evacuação das regiões circundantes em um raio de 10 km no caso da primeira central de 3 km no caso da segunda.”

Outro terremoto, de caráter político, potencialmente mais grave, é o que tem lugar em torno da Líbia, e afeta de um modo ou outro todos os países.

O drama que vive esse país está em pleno auge, e seu desenlace ainda é incerto.

Ontem aconteceu um grande corre-corre no Senado dos Estados Unidos quando James Clapper, diretor nacional de Inteligência, afirmou no Comitê de Serviços Armados: “Não creio que Kadafi tenha alguma intenção de ir embora. Pelas evidências de que dispomos, parece que se está instalando um processo de longa duração.”

Agregou que Kadafi conta com duas brigadas que “são muito leais” . Assinalou que “os ataques aéreos do exército fiel a Kadafi destruíram ‘principalmente’ edifícios e infraestrutura, mais do que causar baixas entre a população”.

O tenente-general Ronald Burgess, diretor da Agência de Inteligência de Defesa, na mesma audiência ante o Senado disse: “Kadafi parece que ‘vai seguir no poder, a menos que outra dinâmica mude o momento atual’.”

“A oportunidade que os rebeldes haviam tido no começo do levantamento popular ‘começou a mudar’”, assegurou.

Não abrigo nenhuma dúvida de que Kadafi e a direção líbia cometeram um erro ao confiar em Bush e na Otan, como se pode deduzir do que escrevi na Reflexão do dia 9.

Tampouco duvido das intenções dos Estados Unidos e da Otan de intervir militarmente na Líbia e abortar a onda revolucionária que sacode o mundo árabe.

Os povos que se opõem à intervenção da Otan e defendem a ideia de uma solução política sem intervenção estrangeira, abrigam a convicção de que os patriotas líbios defenderão sua Pátria até o último alento.

Fidel Castro Ruz
11 de março de 2011, às 22h12

Fonte: Portal Vermelho